Felicia Olin

Felicia Olin








A noite é longa.
É muito, muito longa:
Namuamida.

Issa


A lua crescente
Está arqueada —
Que frio cortante!

Issa



Eu e meu aquecedor —
Lá fora o Senhor do Feudo
Passando ensopado.

Issa


Felicia Olin







Foge o orvalho.
Neste mundo sujo
não faço eu nada.

Issa


Cerejeiras do anoitecer –
Hoje também
Já é outrora.

Issa


Em solidão
Como a minha comida –
E sopra o vento de outono.

Issa

Felicia Olin









Também não eu
tenho encontrado um lar.
Tarde de outono.

Issa


Nos olhos da libélula
refletem-se
montanhas distantes.

Issa


De não estar tu,
demasiado enorme
seria o bosque.

Issa

Felicia Olin







Ele pergunta sua idade!
Ela lhe mostra a mão!
Época do verão!

Issa


A quem me visita
o perfume da ameixeira
e a taça lascada.

Issa


Um enorme sapo e eu,
olhando um ao outro,
nenhum de nós se mexe.

Issa

Felicia Olin









Vento de outono –
Um mendigo me olha
E faz comparações

Issa

Vou sair –
Divirtam-se fazendo amor,
Moscas da minha casa!

Issa

Não se preocupem aranhas,
Eu limpo a casa
casualmente.

Issa

Felicia Olin







A lua da montanha
Gentilmente ilumina
O ladrão de flores.

Issa


Apenas estando aqui,
Estou aqui.
E a neve cai.

Issa


Nos olhos da libélula
Refletem-se
Montanhas distantes.

Issa

Felicia Olin









Como se neste mundo
Não tivesse mais esperanças,
Vai-se a borboleta!

Issa


O gato, ao acordar,
Com um grande bocejo
Vai namorar.

Issa


Sobe
Do barraco do mendigo
Uma linda pipa.

Issa

Felicia Olin









O plantador de nabos,
Apontando com um nabo,
Ensina o caminho.

Issa


Ao derreter-se a neve,
A aldeia se enche
De crianças!

Issa


Chuva de primavera —
Uma criança
Ensina o gato a dançar.

Issa

Felicia Olin






Foge o orvalho.
Neste mundo sujo
não faço eu nada.

Issa


As folhas caindo
Na roça em frente ao portão
Divertem o gato.

Issa


Tranqüilidade —
O monge da montanha
Espia através da cerca.

Issa

Felicia Olin









Primeiro dia do ano:
Meu barraco,
O mesmo de sempre.

Issa


Presentes de Ano Novo —
Até o bebê de colo
Estende as mãozinhas!

Issa


Oh, melões frescos,
Se alguém aparecer,
Transformem-se em rãs!

Issa

Felicia Olin



Felicia Olin

SOBRE MIM

Meu trabalho está focado em capturar o espírito da beleza atemporal, buscando uma qualidade etérea. Gosto muito de pintar figuras que, com freqüência, estejam em silêncio e imóveis, introspectivas e emotivas. Meus ambientes de fundo são montados como palcos e as cores são frequentemente quentes e tons de terra. Gosto de padrões e com frequência os uso no cabelo, roupas e ambientes para criar cores e texturas maravilhosas. Outro aspecto de minhas imagens são as mulheres e como se relacionam com a natureza. Algumas peças são tomadas contemporâneas de nudez na paisagem e algumas são influenciadas pelas primeiras fotografias, do final dos anos 1800. Recentemente comecei a trabalhar com a colagem de páginas rasgadas de livros em painéis, depois pintando em camadas para criar uma superfície ricamente texturizada. Isso acrescenta um interessante aspecto a meu trabalho. Minha arte sempre reflete minhas fascinações do momento. Já me apaixonei por pássaros e adoro incorporá-los a meu trabalho. Não gosto de me sentir estagnada, de modo que meu trabalho está constantemente mudando e evoluindo.









Quando é que você veio
Para junto de meus pés,
Oh, caramujo?

Issa


Caramujo,
Suba sem pressa
O Monte Fuji!

Issa


Em minha cabana
É só assobiar
Que vêm os mosquitos!

Issa


Kobayashi Issa nasceu em 1763, em uma aldeia do atual distrito de Nagano, e faleceu em 1827, após uma vida marcada pelas desavenças familiares, pela morte de vários filhos e outros desgostos.
Sua obra tem sido objeto de avaliações bastante divergentes, e entre os grandes haikaístas do Japão certamente nenhum gerou mais controvérsia do que ele.

Paulo Franchetti