Lauri Blank
Delicada solidão
Solidão que persegue
após horas e horas de insônia e medo, o sono abate.
Adormeço.
Belas representações rapidamente apoderam-se da mente,
logo, sua imagem seqüestra meus pensamentos e,
pouco a pouco, acaricio os seus seios
e me jogo em meio aos seus cabelos soltos e descontrolados.
Sinto o perfume da vida
Procuro os seus lábios e os preservo
diante da delicadeza e da maciez de sua pele.
Sinto o vigor de suas mãos que se alastram sobre o meu corpo
E fazem brilhar o meu semblante.
Nos seus olhos percebo e venero um doce piscar
que tranqüiliza e coloca-me próximo a Deus.
Um esplendor divino está diante de mim.
Estou vulnerável e a graça dos seus movimentos preenche o grande
vazio que reside há tempos na minha alma.
Um estranho habita em mim.
Não sou eu, é ela, somos um
fundidos como um diamante.
Diamante forjado de dor e amor
Inquebrantável pelo tempo porque assim, quiçá, quer a Natureza.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
O meu (SEU)
Corpo
O seu corpo me cobre e protege
Aos poucos sinto o encaixar de suas pernas
e o tocar intumescido dos seios sobre o meu peito.
Então suspiro...
Choro e respiro fundo buscando o ar que me foge.
Sua pele é macia como as nuvens,
Seus cabelos se entrelaçam em meus dedos e me agarram como se
soubessem o que sinto e desejo.
Minhas mãos perdem as forças com o seu perfume e olhar de faca
que joga sobre mim.
Perco o poder sobre os nervos, que iniciam uma algazarra com o corpo
que, rendido, torna-se inerte observando-lhe com respeito,
admiração, desejo e pudor.
Pudor que ofusca o que aos poucos se rende ao toque das mãos e o
Descansar dos olhos sobre o corpo alheio.
Rapidamente nossos corpos se movimentam...
Despojado de minha alma, o corpo geme. A alma volta a vagar
Alma que esforço por tocar, estou à procura de mim e de ti.
Após um longo e gritante silêncio...
aos poucos o coração retoma o trabalho rotineiro,
os corpos confundidos e compactos em um só espaço
descansam, amam e veneram o que somente Deus presenciou.
Logo adormecemos e despertado pelo tempo...
...não acredito que o amor está em mim...
e aumenta através de um corpo que não mais me pertence.
Lúcio Alves de Barros.
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Contradições I
Não sei
Não quero saber
Sei lá se quero conhecer
Não sei se devo perceber
Se posso viver
Se sou capaz e digno de ter
Se mereço ser.
Ao mesmo tempo, pânico e medo, consciência maravilhosa perfeita
e divina
Não sei o que temo
Não detecto o que aflige
Não tenho ciência desse mundo
Amo e desejo como se única fosse
Já lhe disse que suas imagens perseguem os pensamentos
Oferecem forças e sugam energias que gostaria de lhe oferecer
Como gotas de amor.
Não sei
Talvez sei
Provavelmente, queira saber
Possivelmente, receio conhecer
Conhecer o que?
Também não sei.
Tenho que saber?
Talvez, não.
Aparentemente, sim.
Em poucas palavras, problema meu.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Contradições II
Tenho ciência do desejo do desencontro,
desconheço porque.
Penso e desespero...
mas sinto o despreparo...
no qual devo assumir a responsabilidade
por você e por mim.
Você não quer.
Também não desejo,
Mas faço o que não devo.
Sou águas sem caminhos
Ventos errantes
Lágrimas descontroladas
Tempo que se vai
Morte que se aproxima
Lembranças que afogam.
Mas a vida nos cobra viver
viver, sofrer, morrer e renascer,
pensar e sentir
que muitos sentimentos são crenças e ilusões
que nos aproxima ou nos afasta violentamente, levianamente, cruelmente.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Como definir o que só sei
SENTIR
Sinto que novamente a vida me invade
O ar, o vento, a alma, imagens nítidas e transparentes, o calor do corpo.
A vida invade e atropela nervos, pensamentos e esmaga órgãos.
Não compreendo os acontecimentos.
Dizem que isto é normal,
Sinto que isso é ser normal,
pode ser que esteja dizendo que não há outra saída senão amar, viver,
amar...e amar.
E a prisão do sofrimento? Temos medo.
Esforço-me por caminhar na realidade, abandonando sonhos.
A realidade bate à porta e diminui o otimismo,
aumentando a dor do calor de um corpo que, em solidão,
abandonado, maltratado e sedento de vida...
sinto que se esvai.
Lúcio Alves de Barros.
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Do outro lado do morro
Estou descendo o outro lado do morro
já ando cansado de tudo
sem vigor nenhum
como a pena descascada do pássaro que passou
Andei, sonhei e cai de pedra
não consigo levantar
vou rolando em pernas trêmulas
devagar, mas vou arrastando.
Virando o corpo vou descendo o morro
já não sonho tanto quanto antes
vou lamber as feridas
deixar o corpo indo - como faz a chuva quando cai
Não vou me debater
tentei e levei
chagas e mais chagas definitivamente me cansaram
vou somente observar, pois ando enxergando mal
Vejo agora o mundo e as coisas do jeito que são
duras e secas
severas e árduas
os sonhos são para os que podem
Teimoso e chato
decidi não mudar o imutável
pois somente sou
um ser humano que desce o outro lado do morro
Sem história
seguirei só, descendo no escuro de sempre
pouco me resta do resto que sobrou de mim
e ficarei assim... descendo, pois subir não dá mais.
já ando cansado de tudo
sem vigor nenhum
como a pena descascada do pássaro que passou
Andei, sonhei e cai de pedra
não consigo levantar
vou rolando em pernas trêmulas
devagar, mas vou arrastando.
Virando o corpo vou descendo o morro
já não sonho tanto quanto antes
vou lamber as feridas
deixar o corpo indo - como faz a chuva quando cai
Não vou me debater
tentei e levei
chagas e mais chagas definitivamente me cansaram
vou somente observar, pois ando enxergando mal
Vejo agora o mundo e as coisas do jeito que são
duras e secas
severas e árduas
os sonhos são para os que podem
Teimoso e chato
decidi não mudar o imutável
pois somente sou
um ser humano que desce o outro lado do morro
Sem história
seguirei só, descendo no escuro de sempre
pouco me resta do resto que sobrou de mim
e ficarei assim... descendo, pois subir não dá mais.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
A morte em sonho...
Acordei hoje apavorado...
Estava todo molhado
Não pensem que sou um tarado
Mas despertei achando que a morte tinha chegado.
Lá no céu, cheio de anjos de olhos gordos de Aleijadinho, vi o coitado procurando seus dedos agachado
Minha mãe veio ao meu encontro e disse que estava tudo acabado
Inclusive, o meu sofrimento que há tempos vem me abalado
A coisa anda tão feia que - dificilmente – alguém se sente amado
Caminhei de mãos dadas com ela e achei prudente ficar calado
Ela amaciou meus cabelos e escorregou seus dedos furados de trabalho pela minha face e disse para que eu não ficasse alarmado
Mostrou-me Deus que não fala com muita gente, pois anda no Haiti ocupado
Também me mostrou um monte de santos, até São Sebastião, o qual achei bastante desanimado.
Olhei para o lado e também vi São Francisco, muito engraçado
Talvez por causa de Santa Clara, que perto dele o fazia bastante acanhado
Era tanta gente que fiquei meio anestesiado
E uma fila enorme, pois a burocracia do céu é algo estampado
Era muita gente e fiquei novamente assombrado
Perdi minha mãe e um demônio pequeno havia me encontrado
Ele disse que “a vida é curta e a morte é certa”, mas tem o seu momento adequado
Empurrou-me céu abaixo e disse que o fim eu havia encontrado.
Fui voando meio atabalhoado
Um avatar dentre tantos mortos que fiquei meio fantasiado
Acabei chutando a parede e acordado
Pernas e braços estavam doendo e no travesseiro minhas lágrimas havia encontrado.
Acordado e molhado
Aos poucos minha preocupação foi ficando de lado
A face de minha mãe tomou minha alma como um anjo alado
E não mais me importei com a morte, pois sei que lá no céu serei novamente amado.
Estava todo molhado
Não pensem que sou um tarado
Mas despertei achando que a morte tinha chegado.
Lá no céu, cheio de anjos de olhos gordos de Aleijadinho, vi o coitado procurando seus dedos agachado
Minha mãe veio ao meu encontro e disse que estava tudo acabado
Inclusive, o meu sofrimento que há tempos vem me abalado
A coisa anda tão feia que - dificilmente – alguém se sente amado
Caminhei de mãos dadas com ela e achei prudente ficar calado
Ela amaciou meus cabelos e escorregou seus dedos furados de trabalho pela minha face e disse para que eu não ficasse alarmado
Mostrou-me Deus que não fala com muita gente, pois anda no Haiti ocupado
Também me mostrou um monte de santos, até São Sebastião, o qual achei bastante desanimado.
Olhei para o lado e também vi São Francisco, muito engraçado
Talvez por causa de Santa Clara, que perto dele o fazia bastante acanhado
Era tanta gente que fiquei meio anestesiado
E uma fila enorme, pois a burocracia do céu é algo estampado
Era muita gente e fiquei novamente assombrado
Perdi minha mãe e um demônio pequeno havia me encontrado
Ele disse que “a vida é curta e a morte é certa”, mas tem o seu momento adequado
Empurrou-me céu abaixo e disse que o fim eu havia encontrado.
Fui voando meio atabalhoado
Um avatar dentre tantos mortos que fiquei meio fantasiado
Acabei chutando a parede e acordado
Pernas e braços estavam doendo e no travesseiro minhas lágrimas havia encontrado.
Acordado e molhado
Aos poucos minha preocupação foi ficando de lado
A face de minha mãe tomou minha alma como um anjo alado
E não mais me importei com a morte, pois sei que lá no céu serei novamente amado.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Jardins suspensos
Jardins suspensos na noite calada que a lua teima a queimar
Uma flor ferida e sangrando está no meu peito
Quase não consigo respirar nesse ar seco
As costelas andam batendo uma na outra
E uma pequena taquicardia arrepia meu corpo
E essa lua cheia dela mesma
E ela cheia se si mesma
E eu cansado de mim mesmo
Minha saudade é uma lágrima que cai em fogo
Olhos de limão verde a arder na inquietude
Corpo cansado e amassado
Ferido e quebrantado no fim do dia que não desejo ver
E ela neste sorriso que rasga minha alma
Iluminando a rua, o corredor, a sala
Cheia dela e vazia de mim
Uma flor ferida e sangrando está no meu peito
Quase não consigo respirar nesse ar seco
As costelas andam batendo uma na outra
E uma pequena taquicardia arrepia meu corpo
E essa lua cheia dela mesma
E ela cheia se si mesma
E eu cansado de mim mesmo
Minha saudade é uma lágrima que cai em fogo
Olhos de limão verde a arder na inquietude
Corpo cansado e amassado
Ferido e quebrantado no fim do dia que não desejo ver
E ela neste sorriso que rasga minha alma
Iluminando a rua, o corredor, a sala
Cheia dela e vazia de mim
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
Viagem
Com ela tenho vontade de seguir uma grande e penosa viagem
Repousar minha face por vezes cansada e maltratada
Jogar meu perfil feio sobre os seus ombros e dormir
Sacudir o que incomoda e me embolar nos negros e grandes cabelos
Amo tanto e tanto que me afogo em lágrimas
Amo que amo e brigo por amar
Insatisfeito pego-lhe os pelos. Esfrego-me em seu corpo.
Miro em sua boca grande e mordo as flores de cima e de baixo
Encaixo-me em suas pernas e fico quieto, sentindo o cheiro da fêmea que me acalma
Quero confundir-me com ela
Desejo-lhe os pés, as mãos e as orelhas. Tudo de uma vez e agora e ao mesmo tempo
E dos olhos que me olham com calma observo minha parte acesa, nua e dura
Poderíamos ir sempre além. Mas não vamos...
Boicotamos o amor e suspendemos a chance de enfrentar o desastre da vida
Sou eu. Não é ela.
É esta minha casca dura que não permite o Amor tomar o lugar que realmente ele merece.
Repousar minha face por vezes cansada e maltratada
Jogar meu perfil feio sobre os seus ombros e dormir
Sacudir o que incomoda e me embolar nos negros e grandes cabelos
Amo tanto e tanto que me afogo em lágrimas
Amo que amo e brigo por amar
Insatisfeito pego-lhe os pelos. Esfrego-me em seu corpo.
Miro em sua boca grande e mordo as flores de cima e de baixo
Encaixo-me em suas pernas e fico quieto, sentindo o cheiro da fêmea que me acalma
Quero confundir-me com ela
Desejo-lhe os pés, as mãos e as orelhas. Tudo de uma vez e agora e ao mesmo tempo
E dos olhos que me olham com calma observo minha parte acesa, nua e dura
Poderíamos ir sempre além. Mas não vamos...
Boicotamos o amor e suspendemos a chance de enfrentar o desastre da vida
Sou eu. Não é ela.
É esta minha casca dura que não permite o Amor tomar o lugar que realmente ele merece.
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Lauri Blank
A vida tem disso
Conhecemos o que desejamos
Vemos no outro o que queremos ver
Sabemos o que nos é permitido saber
Tememos o que pode nos desfazer
Sofremos sempre as consequências do ser
Queremos um espelho para ver
Tocar a própria face sem ela desfalecer
Amar e amar sem enlouquecer
Assistimos a vida como se o controle pudéssemos ter
Riscos passamos sem o tempo para fortalecer
Lamentamos o medo por receio de perder
Entregamos alma e a dignidade sem mesmo ver
Acontece que algo de bom o outro pode trazer
Da desconfiança nasce o medo do ser
É por isso que muitos preferem o ter
Em tempos pós-modernos o aparecer
Difícil não cultivar insegurança quando temos o que temer
Soldado avisado de guerra não deseja correr
Quer de qualquer forma vencer
Seria de bom tamanho se o inimigo se deixasse conhecer
A vida é esse constante amanhecer
Em meio a essa guerra não sobra tempo para erros cometer
Amar é uma saída para a batalha vencer
Vemos no outro o que queremos ver
Sabemos o que nos é permitido saber
Tememos o que pode nos desfazer
Sofremos sempre as consequências do ser
Queremos um espelho para ver
Tocar a própria face sem ela desfalecer
Amar e amar sem enlouquecer
Assistimos a vida como se o controle pudéssemos ter
Riscos passamos sem o tempo para fortalecer
Lamentamos o medo por receio de perder
Entregamos alma e a dignidade sem mesmo ver
Acontece que algo de bom o outro pode trazer
Da desconfiança nasce o medo do ser
É por isso que muitos preferem o ter
Em tempos pós-modernos o aparecer
Difícil não cultivar insegurança quando temos o que temer
Soldado avisado de guerra não deseja correr
Quer de qualquer forma vencer
Seria de bom tamanho se o inimigo se deixasse conhecer
A vida é esse constante amanhecer
Em meio a essa guerra não sobra tempo para erros cometer
Amar é uma saída para a batalha vencer
Lúcio Alves de Barros
Marcadores:
Lúcio Aves de Barros
Assinar:
Postagens (Atom)