Valérie Maugeri






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   Canto da flauta suave e sereno
   Vozes dos antepassados, sábias e intimas
   Melancolia da terra perdida
   Histórias contadas
   Segredos passados entre gerações
   Força musical e profunda
   Respeito à natureza
   Alimentos para sobrevivência
   Orações ao espírito animal
   Sons que invocam o passado contido na alma
   Força capturada pela melodia
   Lembranças dos palácios do coração


   Myriam Valentina
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Valérie Maugeri






O que não é mais que solidão
A mãe com terço nas mãos
Um violino lamenta o filho perdido
A alma perdida
Um grito preso na garganta
A vida que escoa sem sentido
Alma gitana caminha por calçadas de pedras
Pés desnudos feridos
Amor profundo levado no ventre
Parte arrancada, coração dilacerado
Terra, ventre, vida, morte
Destino escrito na palma da mão


Myriam Valentina

Valérie Maugeri





Memórias da Rosa do Nilo


História de vida e arte
Expressa numa canção de nostalgia
Cor, sons e ritmos
Harmônicos e perfeitos
Dança sinuosa e antiga
Quadris em movimentos
Herança herdada de tempos passados
Véu transparente que esconde segredos
Mistérios trazidos de gloriosas épocas
Conhecimentos guardados num baú de memórias
Fêmea, ferina, suave e feminina
Espírito atemporal
Cálida terra húmida e fértil
Alma desnuda desenhada na tela do destino
Lua e sombra, amor e desejo
Beleza e sensualidade
Intuitiva compõe canções de desapego


Myriam Valentina

Valérie Maugeri






Não sei qual vai ser meu futuro
Só vivo o que agora sinto
Seus lábios cantam sensuais musicas
Me tocam com suaves arrepios
Meu corpo dança ao som no meu ouvido
Perco a noção do tempo de tão intimo
Declamo pagãs poesias
Desnudo a alma em palavras
Suaves ritmos e gemidos
Sou sua aquarela azul
Manhãs puras, noites vermelhas
Estrela que cabe na tua mão
És sonhador, alquimista
Gestos melodiosos escritos nas (entre)linhas
Enigmático rios de palavras
Que percorre meu mundo


Myriam Valentina

Valérie Maugeri





Serei eu gravada nas linhas de tuas mensagens
Serei eu a música que (en)cantas
Serão as curvas do meu corpo poemas
Será seu corpo que (ar)de com desejos
Será que me anseias como néctar de frutas frescas
Será que bebes minhas palavras (ardente)mente

Será?


Myriam Valentina

Valérie Maugeri






Desnudo minha alma
Caminhando nos braços da noite
Desnudo meu corpo entre fragrâncias de rosas
Acariciando os lábios no prazer de tua desnudes

Entre sons de cordas de violinos
Tocas meu ser e faz dele melodia
Minha pele se faz tua com gotas de paixão
Como um botão de flor que renasce com o toque da existência

Atravesso com minhas palavras o céu
E as coloco em tua frente, em tua pele e em teu coração
Sussurros que deslizam entre flores e desertos
Segredos que nascem desde o centro do Universo

Vestidos de carícias que iluminam nossos caminhos
Nuvens de poemas matizam nossos corpos
Mesclados com sabores de beijos
Embriagados chegamos onde nascem as estrelas


Myriam Valentina

Valérie Maugeri








Hoje quero deixar minha tatuagem de fora
Meus cabelos se espalharem como chamas
Apagar as luzes na sala de cinema
Beijar tua boca com sabor de menta
Vestir minhas botas de salto agulha
Usar meus vestido preto na pele nua
Tomar um vinho seco
Acender velas e incensos
Ser cristalina como água num copo de cristal
Bailar nos teus braços
Sentir a dormência que se espalha pelo corpo
Deixar dúvidas e incertezas
Apenas amar-te lentamente
Envolver-me com teu Eu
Fundir minha alma com a tua


Myriam Valentina

Valérie Maugeri





Beijei teus lábios e senti a doce cicuta dos poemas
Amei tua pele lógica e de inconstâncias
Você me desejou. Sou tua antítese
Curvei-me e senti tua crueldade
Desenhei-te em folhas brancas
Na página ficou o negro das letras
Te dei forma e constância
Cai como pássaro azul
Do céu ao inferno banida
Numa queda inexpressiva
Tornei-me perplexa e confusa
A história escorreu na pedra do acaso
Como bicho fome repete o instinto
Caminha com imaginação na superfície do papel
Que fúria te assola as costas áridas?
Palavras já se tornaram desnecessárias
Juras de amor feitas de futilidades
O lençol de seda manchado de lágrimas
Era um modo de calar meia verdade ou falsas mentiras


Myriam Valentina

Valérie Maugeri






Sinto-te nos gestos, nas palavras, nos momentos
Provo-te no gosto de um vinho antigo
Beijo-te em cada raio de sol que nasce
Sonho-te inventando caminhos
Trago-te comigo como o aroma da maresia
Desenho-te em cada verso e palavra
Aguardo-te com cascatas de beijos
Recomeço conduzindo-me a ti
Adormeço na espera que se faz neste encontro


Myriam Valentina

Valérie Maugeri








Você pode fugir de seu karma
Sorrindo com esta máscara plastificada
Derramando lágrimas
Brincando com coração e mentes
Perdendo a humanidade
Sem reconhecer seus irmãos que aqui estão

Usando poderes escusos e mentiras
Face de anjo, alma negra
Pérfida conduta inumana
Será que não percebe
Que somos estrelas, lua, terra e sol
Onde perdeste o caminho?

Enquanto joga o jogo da vida
Se perde em labirintos
Desejando consumir almas.
Instintos de sobrevivência mascarados
Suspeitando de sombras criadas na mente
Brevemente estará morto
Para quem lamentará teu destino?



Myriam Valentina

Valérie Maugeri








Na despedida do passado
Geramos um distanciamento interior
Como um trem em marcha
Vamos seguindo outras fronteiras
Com uma clareza que revela significados
Deixando na estação um pedaço de si próprio
Colocar a mala no bagageiro e seguir

Possibilidades se concretizam
Num sentimento de claro dia primaveril
A realidade simples e pura
Uma nova forma diferente de lucidez
Ver as primeiras pinceladas de um retrato futuro
Os textos antigos não mais lidos e compreendidos
Uma metáfora camuflada sob a folhagem murcha de uma biografia



Myriam Valentina

Valérie Maugeri


Valerie Maugeri


Valerie Maugeri nasceu em Paris em 1967. Seu pai, um designer gráfico italiano, e sua mãe sempre foram como anjos da guarda em sua vida. Valerie começou sua vida artística como designer de interiores. Agora, ela tem sua própria oficina em Essonne, onde cria suas telas coloridas. Durante muitos anos fez suas pesquisas em busca de um estilo próprio.
Brilhante, cintilante, como seda bordada, a sua pintura emana um cheiro único de canela e açafrão, referência a contos orientais e à música francesa. Podemos observar a riqueza das cores em suas pinturas, como os mestres franceses do século XVIII. Sua técnica combina pintura e colagem, onde todos os detalhes chamam a atenção sobre sua personalidade. As cores brilhantes em seus quadros foram inspiradas em suas viagens pela Ásia e o Oriente. Sempre muito brilhante, ornamentadas com folhas de ouro, suas pinturas trazem a energia de um espaço envolvente, com ritmo e emoção. Valerie não frequentou escolas especializadas, mas procurou seu próprio caminho. Desde 2001 passou a fazer parte da galeria parisiense St Paul de Vence e Annecy, onde expõe regularmente.


http://www.valeriemaugeri.com/






Às vezes sopro borboletas no ar
Às vezes sinto a flauta de bambu tocar
Às vezes a suavidade me toca
Às vezes danço e faço piruetas no ar
Às vezes brinco de criança
Às vezes dialogo com o silêncio
Às vezes me transformo em fogo
Às vezes em água
Às vezes atravesso deserto
Às vezes durmo com minhas asas
Às vezes a luz se apaga
Às vezes canto com os colibris
Às vezes narro histórias
Muitas vezes sorrio com a alma...


Myriam Valentina


“Alma de artista Perfeita combinação de lados opostos Sensibilidade e sensitiva Suave como a própria brisa.”