“A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam.”
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Auguste Rodin
Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro Apontando pra a expansão do Universo Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras. Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
Adoeci, cansei... Meus olhos estão abertos, mas não vejo Respiro porque o ar é teimoso e invade os meus pulmões As pernas desobedecem e ando assim mesmo Uma espécie de culpa da vida está na nuvem negra sobre a minha cabeça Ela não resolve o que quer Não cai e teima em me perseguir O cansaço aumenta a cada dia, hora, minuto...
Uma chama, contudo, ainda persiste. Tateando lá vou eu... Acelero um pouco mais e coloco o pé no freio. Aliviado vou me aquietando quando chego a comer as primeiras letras de um livro Pouco a pouco já não vejo a nuvem Outros mundos invadem um mundo que desconheço As letras vão forjando frases amigáveis que me abraçam sem pudor De folha em folha, vou comendo devagar as páginas O cansaço diminui e um fogo dá vida a uma nova fervura dentro de mim.
Sergio Niculitcheff nasceu em 18 de fevereiro de 1960 em São Paulo, onde vive e trabalha com pintura.
Graduado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em 1978. Concluiu mestrado na Universidade Estadual Paulista. Em 2003. Cursou doutorado no Instituto de Artes da UNICAMP.
Sua primeira exposição individual aconteceu no Museu Guido Viaro, em Curitiba, Brasil, em 1985.
Expôs seus trabalhos também em galerias de São Paulo e Belém do Pará, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, na Galeria Ruta Correa, em Friburg, na Alemanha, e no Paço das Artes, em São Paulo, Brasil.
. Entre 1981 e 1982, viaja para a Europa, principalmente França e Espanha,
participa de exposições e mantém contato com Leonilson (1957 - 1993) e Luiz Zerbini
(1959). Em Paris, é auxiliar do artista Piza (1928), na Galeria Bellechase. Posteriormente,
em São Paulo, leciona na Faculdade de Artes Alcântara Machado.
“(...) As pinturas de Niculitcheff
trabalham quase sempre com imagens-símbolos entendidas como blocos puros de sentido.
Como se o artista em suas telas estivesse fazendo o reconhecimento dos símbolos mais
persistentes na história do homem desde o passado até o presente, reinterpretando-os e
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Rastros e Sinais
(somos presente
reminiscente
de quantas histórias
pessoais e colectivas?)
Leituras nas dobras do mundo.
De tudo que me é escolhido
por obra de estranho destino
resta-me persistir em palavras
no escuro.
Meus pertences,
que me são?
Tudo que tenho é continuar ...
decifrando,devorando
códigos, rastros e sinais.
oh deus! já te leio tanto,
o quê, quem,
(e se te existes?)
para quê?
De que me resta, então,
descabida procura?
Não encontro mais letras
tampouco versos
que combinem
apenas,
um insano desejo de continuar.
E renasço a cada dia
morta-viva,
meus interlocutores
ao longo da vida,
não me privam
jamais
de sustento, cimento
e de chão construído
( sedimentos guardados em argamassas de nós)
ler é flanar,
captar
em fôrma estranha,
sonhos reais...
(continuo a existir
sem o saber
nas páginas que não li...
De quantas vidas e histórias
me fizeram humana?)
Ana Paula Perissé*
“Meu primeiro contato com a obra de Sergio foi, naturalmente através da Fada, com as imagens de Santa Sabedoria e Santo Conhecimento. Confesso que fiquei impactada e mobilizada por elas.
Tenho especial carinho por Alfredo Manguel, que foi secretario do maravilhoso Borges, e publica livros deliciosos a respeito deste tema. Quando conheci as obras do Sergio( não arrisco seu sobrenome rsrsrs) estava lendo o Manguel...
Vou achar maravilhoso tentar me inspirar por estes caras e escrevinhar umas linhas que sairão do coração e da própria forma como me organizo como ser humano ... vai chegar uma hora que serei expulsa de minha casa pelas pilhas de livros que já não tem mais espaço nas estantes, e a angústia de não ter conseguido ler tudo que me propus, vivo assim.”
Meus livros tem passeado...
Vivem livres pela casa,
desarrumados,
livre trânsito no nada...
Às vezes perdidos,
se amontoam vários títulos,
que brincam de se esconder.
Dão risada do meu tempo,
que o perco viajando...
divagando no ser ou não ser...
Volto a eles, os encontro no armário,
na cozinha, cestos no canto da sala,
no banheiro,
na poltrona de leitura, prosa pura,
bate papo informal no casual.
Sem sossego, me chamando noite e dia
me provocam pra compor as poesias.
Mesmo sendo bagunçados,
de poeira até os olhos,
levo-os sempre para a cama de mãos dadas, me adormece
em seu regaço...
Minha proposta, ao criar este espaço, é conviver com pessoas que, como eu, apreciam e se nutrem na boa arte. Juntar, a cada sessão de postagens, um artista plástico e um poeta, emoldurados por uma música envolvente, é uma forma de estimular os sentidos. Todos os dias precisamos nos alimentar e descansar. A arte nos ajuda nisso e refina nosso espírito. Sou filósofa por formação acadêmica e me agrada muito a estética da arte. A Fada do Mar Suave, como título, é uma personagem que me permite ficar no mundo dos sonhos, e não precisa ser relacionada com a imagem física de uma pessoa.
A Fada do Mar Suave circula pelo Orkut há bem uns dez anos e este blog surgiu em janeiro de 2009. Formalmente, o site WWW.fadadomarsuave.com.br se encarrega de sustentar o registro legal do nome e, de forma prática, reendereça todos os visitantes para este blog, http://fadasuave.blogspot.com . Não tenho equipe, trabalho sozinha e quem quiser fazer qualquer observação, é só deixar mensagem.
Agradeço aos artistas e poetas, que autorizam nossas postagens.
Com amor,
Fada do Mar Suave
São Paulo, SP, Brasil
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